Goverrno recomenda planta medicinal para tratamento de doença
Ministério da Saúde decide recomendar 71 plantas medicinais para tratar enfermidades de pacientes do SUS. Experiências em Betim e Ipatinga revelam sucesso dos remédios naturais
Ingrid Furtado - Estado de Minas
Fotos: Emmanuel Pinheiro/EM/D.A Press
A natureza deu de bandeja a matéria-prima em hortas, jardins, matas e viveiros. A ciência lançou mão da tecnologia para transformar folhas, caules, raízes e flores em poderosos medicamentos, que trazem desde um simples alívio para dor de cabeça até a melhoria de vida de pacientes em hospitais. A fitoterapia, opção terapêutica que trata enfermidades por meio das plantas, ganhou força este mês com a publicação de 71 espécies vegetais pelo Ministério da Saúde, com o objetivo é orientar estudos e pesquisas para elaboração de novos compostos para a distribuição gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS). Especialistas garantem que a vovó tinha razão: a medicina alternativa, por muitos anos cultivada no fogões e quintais do interior, é uma forte tendência no Brasil e mostra que a união entre a sabedoria popular e a ciência é um caminho de sucesso para a saúde pública.
Levantamento do ministério mostra que de 2004 a 2008 houve aumento de 300% na quantidade de municípios brasileiros que adotaram serviços de fitoterapia em hospitais, postos e unidades de saúde, saltando de 116 cidades para 350. E a tendência é só aumentar, conforme dados do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do ministério. Em Minas Gerais, as prefeituras de Ipatinga, no Vale do Aço, e Betim, na Grande BH, são algumas que já desenvolvem trabalhos na área da fitoterapia.
CIÊNCIA A lista das espécies vegetais divulgada pelo Ministério da Saúde faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (Renisus) e apresenta exemplares da flora – muitos deles já usados pela população – com potencial para gerar medicamentos. A espinheira-santa, que combate gastrite e úlceras; o guaco, que é um ótimo expectorante e ajuda na redução da tosse, bronquite e resfriados, estão entre os selecionados.
Avó Maria Eva Vieira usou pomada de calêndula, produzida na Farmácia Viva de Betim, para curar assadura do pequeno Lucas
A técnica do departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do ministério Kátia Torres afirma que, apesar de o uso de plantas medicinais ser uma prática disseminada, é importante investir em pesquisas para certificar os princípios ativos, os efeitos colaterais e a eficiência do vegetal no combate a várias doenças. “Para compor a lista, escolhemos espécies de todos os biomas brasileiros e nossa intenção é incentivar estudos a respeito dessas plantas. Vamos analisar trabalhos científicos que já existem no país e fomentar novas pesquisas com o objetivo de ampliar o conhecimento nessa área”, afirma.
Entre 2003 e 2006, o governo federal financiou 74 projetos na área da fitoterapia, com investimentos de R$ 10 milhões. A meta, segundo Kátia, é aumentar a lista de medicamentos disponíveis no SUS ainda este ano. “Há 500 tipos registrados atualmente na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A biodiversidade brasileira é muito vasta e a fitoterapia é mais uma opção de tratamento para a população. Além disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o desenvolvimento desse setor. Estamos no caminho”, acrescenta a especialista.
SANTO REMÉDIO Kátia Torres diz que a principal diferença entre fitoterápicos e medicamentos sintéticos está na composição. “Os primeiros são compostos por vários princípios ativos, derivados de plantas medicinais. Já nos sintéticos, a indústria isola apenas um princípio da planta e, assim, o medicamento é produzido”, explica. No entanto, a técnica alerta para o uso de remédios com base natural. “É importante compreender que, assim como outras drogas, é fundamental orientação e prescrição médica dos medicamentos fitoterápicos. Eles podem causar efeitos colaterais e, sem conhecimento adequado, podem pôr em risco a saúde da pessoa”, avisa a especialista.
Mas, com sabedoria e orientação, a costureira Maria Aparecida do Nascimento, de 24 anos, e a mãe, a dona-de-casa Maria Eva Vieira, de 42, conseguiram combater sérias assaduras na pele do bebê Lucas, de seis meses. Elas moram em Betim e, graças a uma “pomada mágica” de calêndula, acabaram com o problema. “Usei outras pomadas compradas em farmácia mas não adiantou. Meu filho sofria muito com os ferimentos e nada funcionava. Foi quando o médico do posto de saúde receitou a pomada de calêndula. A pele do Lucas ficou lisinha e macia e, em pouco tempo, a assadura acabou. Foi uma ótima surpresa e um grande alívio. Agora, passo a pomada todos os dias, justamente para evitar sofrimentos para meu filho”, diz Aparecida.
fonte:??
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