segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Ministério da Saúde decide recomendar 71 plantas medicinais...

Goverrno recomenda planta medicinal para tratamento de doença
Ministério da Saúde decide recomendar 71 plantas medicinais para tratar enfermidades de pacientes do SUS. Experiências em Betim e Ipatinga revelam sucesso dos remédios naturais
Ingrid Furtado - Estado de Minas

Fotos: Emmanuel Pinheiro/EM/D.A Press

A natureza deu de bandeja a matéria-prima em hortas, jardins, matas e viveiros. A ciência lançou mão da tecnologia para transformar folhas, caules, raízes e flores em poderosos medicamentos, que trazem desde um simples alívio para dor de cabeça até a melhoria de vida de pacientes em hospitais. A fitoterapia, opção terapêutica que trata enfermidades por meio das plantas, ganhou força este mês com a publicação de 71 espécies vegetais pelo Ministério da Saúde, com o objetivo é orientar estudos e pesquisas para elaboração de novos compostos para a distribuição gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS). Especialistas garantem que a vovó tinha razão: a medicina alternativa, por muitos anos cultivada no fogões e quintais do interior, é uma forte tendência no Brasil e mostra que a união entre a sabedoria popular e a ciência é um caminho de sucesso para a saúde pública.

Levantamento do ministério mostra que de 2004 a 2008 houve aumento de 300% na quantidade de municípios brasileiros que adotaram serviços de fitoterapia em hospitais, postos e unidades de saúde, saltando de 116 cidades para 350. E a tendência é só aumentar, conforme dados do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do ministério. Em Minas Gerais, as prefeituras de Ipatinga, no Vale do Aço, e Betim, na Grande BH, são algumas que já desenvolvem trabalhos na área da fitoterapia.

CIÊNCIA A lista das espécies vegetais divulgada pelo Ministério da Saúde faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (Renisus) e apresenta exemplares da flora – muitos deles já usados pela população – com potencial para gerar medicamentos. A espinheira-santa, que combate gastrite e úlceras; o guaco, que é um ótimo expectorante e ajuda na redução da tosse, bronquite e resfriados, estão entre os selecionados.

Avó Maria Eva Vieira usou pomada de calêndula, produzida na Farmácia Viva de Betim, para curar assadura do pequeno Lucas

A técnica do departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do ministério Kátia Torres afirma que, apesar de o uso de plantas medicinais ser uma prática disseminada, é importante investir em pesquisas para certificar os princípios ativos, os efeitos colaterais e a eficiência do vegetal no combate a várias doenças. “Para compor a lista, escolhemos espécies de todos os biomas brasileiros e nossa intenção é incentivar estudos a respeito dessas plantas. Vamos analisar trabalhos científicos que já existem no país e fomentar novas pesquisas com o objetivo de ampliar o conhecimento nessa área”, afirma.

Entre 2003 e 2006, o governo federal financiou 74 projetos na área da fitoterapia, com investimentos de R$ 10 milhões. A meta, segundo Kátia, é aumentar a lista de medicamentos disponíveis no SUS ainda este ano. “Há 500 tipos registrados atualmente na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A biodiversidade brasileira é muito vasta e a fitoterapia é mais uma opção de tratamento para a população. Além disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o desenvolvimento desse setor. Estamos no caminho”, acrescenta a especialista.

SANTO REMÉDIO Kátia Torres diz que a principal diferença entre fitoterápicos e medicamentos sintéticos está na composição. “Os primeiros são compostos por vários princípios ativos, derivados de plantas medicinais. Já nos sintéticos, a indústria isola apenas um princípio da planta e, assim, o medicamento é produzido”, explica. No entanto, a técnica alerta para o uso de remédios com base natural. “É importante compreender que, assim como outras drogas, é fundamental orientação e prescrição médica dos medicamentos fitoterápicos. Eles podem causar efeitos colaterais e, sem conhecimento adequado, podem pôr em risco a saúde da pessoa”, avisa a especialista.

Mas, com sabedoria e orientação, a costureira Maria Aparecida do Nascimento, de 24 anos, e a mãe, a dona-de-casa Maria Eva Vieira, de 42, conseguiram combater sérias assaduras na pele do bebê Lucas, de seis meses. Elas moram em Betim e, graças a uma “pomada mágica” de calêndula, acabaram com o problema. “Usei outras pomadas compradas em farmácia mas não adiantou. Meu filho sofria muito com os ferimentos e nada funcionava. Foi quando o médico do posto de saúde receitou a pomada de calêndula. A pele do Lucas ficou lisinha e macia e, em pouco tempo, a assadura acabou. Foi uma ótima surpresa e um grande alívio. Agora, passo a pomada todos os dias, justamente para evitar sofrimentos para meu filho”, diz Aparecida.
fonte:??

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